A Polícia Federal e o
Ministério Público Federal cumprem, nesta terça-feira (11), mandados de busca e apreensão em imóveis de Aécio Neves (PSDB-MG) e da irmã
dele, Andréa Neves, no Rio de Janeiro e em Minas Gerais. Atualmente senador, Aécio termina o mandato neste ano e no próximo assume uma vaga na Câmara dos
Deputados.
Também há equipes em endereços do deputado federal Paulinho da Força (SD-SP), em São Paulo. São investigados ainda
os senadores Agripino Maia (DEM-RN) e Antonio Anastasia (PSDB-MG) e os deputados federais Benito da Gama (PTB-BA) e Cristiane Brasil (PTB-RJ).
A
operação, chamada de Ross, surgiu a partir de delação de executivos da J&F e apura denúncias de compra de apoio político. Segundo a PF,
Aécio Neves comprou apoio do Solidariedade por R$ 15 milhões, e empresários paulistas ajudaram com doações de campanha e caixa 2, por meio de notas
frias.
Além dos políticos, as buscas miram empresários que, afirmam promotores, emitiram notas fiscais frias para Aécio. A PF chegou a
solicitar buscas em imóveis de Maia, Cristiane e Benito, mas os pedidos não foram aceitos pelo ministro Marco Aurélio Mello.
Em nota, a defesa de
Aécio Neves informou que o senador "sempre esteve à disposição para prestar esclarecimentos e apresentar todos os documentos que se fizessem
necessários às investigações, bastando para isso o contato com seus advogados".
Os advogados do senador informaram ainda que o
inquérito policial é baseado nas delações de executivos da JBS que tentam "transformar as doações feitas a campanhas do PSDB, e devidamente
registradas na justiça eleitoral, em algo ilícito para, convenientemente, tentar manter os generosos benefícios de seus acordos de colaboração". A
defesa afirmou ainda que uma investigação "correta e isenta" vai apontar a verdade e a legalidade das doações feitas.
Propina de R$ 110 milhões
A procura de documentos faz parte de operação baseada em delações de Joesley Batista e
Ricardo Saud. Os executivos do grupo J&F relataram repasse de propina de quase R$ 110 milhões ao senador Aécio Neves. Suspeita-se que os valores eram recebidos
através da simulação de serviços que não eram efetivamente prestados e para os quais eram emitidas notas fiscais frias.
A
Operação Ross cumpre total de 24 mandados de busca e apreensão em oito estados e no Distrito Federal. São investigados os crimes de corrupção
passiva, organização criminosa, lavagem de dinheiro e associação criminosa.
A defesa do tucano, em nota, considerou a medida
"desnecessária" (veja abaixo).
Agentes estão em prédio de luxo na Avenida Vieira Souto, em Ipanema, Zona Sul do Rio, onde o senador e
deputado federal eleito tem residência. Equipe também está em um imóvel em Copacabana, também na Zona Sul carioca, de Andréa.
A PF só conseguiu entrar às 7h10 no apartamento atribuído a Aécio no Rio. Há buscas em endereços ligados a Aécio e à irmã dele
em Minas Gerais e em imóvel de Paulinho da Força em SP.
Andréa é considerada operadora do senador nas investigações da
Lava Jato. Ela foi presa pela PF em maio de 2017 e foi solta há um ano, por decisão do ministro Marco Aurélio Mello.
A operação no
Rio é braço de investida que ocorre simultaneamente em Minas Gerais, São Paulo (capital e interior, com nove mandados), Brasília, Bahia, Rio Grande do Norte,
Tocantins, Amapá e Mato Grosso do Sul. Decorre do inquérito 4519, que tem como relator, no Supremo Tribunal Federal, o ministro Marco Aurélio Mello.
O que dizem os envolvidos
O G1 está tentando contato com a defesa de Cristiane Brasil e ligou para o telefone do deputado Paulinho da
Força por volta das 7h15. Ele atendeu, mas desligou.
Alberto Zacharias Toron, advogado de Aécio, emitiu nota. "O senador Aécio Neves sempre
esteve à disposição para prestar todos os esclarecimentos necessários que mostrarão a absoluta correção de todos os seus atos",
afirma.
"É preciso que se esclareça que os recursos referidos pelos delatores da JBS agora como propina são as contribuições
eleitorais feitas à campanha do PSDB em 2014 e devidamente registradas na Justiça Eleitoral", prossegue.
"Somam-se a esses valores
contribuições legais feitas a outros partidos políticos. A medida é, portanto, desnecessária já que o Senador é o maior interessado no
esclarecimento de todos os fatos", emenda.