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11/02/2019 | 05:48 | Polícia

Esquema de segurança, distribuição de senhas e transmissão ao vivo: como será o júri do caso Bernardo

Sessão que definirá o futuro dos réus acontece no dia 11 de março, em Três Passos, no noroeste do Estado

Sessão que definirá o futuro dos réus acontece no dia 11 de março, em Três Passos, no noroeste do Estado
Cadeiras a mais serão colocadas no salão do júri do Foro de Três Passos - Omar Freitas / Agencia RBS
Em um mês, os acusados pela morte de Bernardo Uglione Boldrini, 11 anos, serão julgados em Três Passos, no noroeste do Estado. Quase cinco anos depois de o corpo ter sido encontrado em Frederico Westphalen, a madrasta dele, Graciele Ugulini, o pai, Leandro Boldrini, a amiga de Graciele Edelvânia Wirganovicz e o irmão dela Evandro sentarão no banco dos réus.  Eles respondem por homicídio qualificado e ocultação de cadáver. 
JURADOS
A escolha
Sete pessoas da Comarca de Três Passos (que inclui os municípios de Bom Progresso, Tiradentes do Sul e Esperança do Sul) serão responsáveis por dizer se os réus são culpados ou inocentes pelo crime de homicídio. Farão parte do conselho de sentença. Na terça-feira (12), serão sorteadas 25 pessoas (além de suplentes). Desse grupo serão tirados os sete jurados.
A rotina 
Ficarão em um hotel, em Três Passos, até o fim do júri —  que deve durar uma semana, conforme previsão da juíza Sucilene Engler Werle. Não poderão ter qualquer tipo de comunicação, seja com outros jurados ou com qualquer outra pessoa. Só poderão falar com o oficial de Justiça responsável e o assunto não poderá ser o julgamento. Não terão acesso a telefone, internet, TV, rádio ou jornal. 
TESTEMUNHAS
Irão depor 28 testemunhas. O Ministério Público (MP) indicou cinco; a defesa de Boldrini, 12 (uma delas também arrolada pelo MP); os advogados de Evandro, oito; e a defesa de Graciele, quatro. Os advogados de Edelvânia não indicaram testemunha. Os nomes são mantidos em sigilo. 
LOCAL
O salão do júri do Foro de Três Passos fica no 2º andar do prédio, localizado na Avenida Júlio de Castilhos, no Centro. Comportará 70 pessoas, com a colocação de cadeiras extras. Destes lugares, 25 serão reservados para a imprensa, membros do MP e do Tribunal de Justiça. Os outros 45 serão para o público em geral. Terão prioridade os familiares da vítima e dos acusados. Para os demais serão disponibilizadas, diariamente, senhas fornecidas  pela 1ª Vara Judicial, no saguão do Foro. 
Boldrini, Graciele, Edelvânia e Evandro ficarão lado a lado durante o julgamento, no mesmo espaço destinado aos seus advogados. Quando o réu for chamado para prestar depoimento, ficará em uma cadeira em frente à juíza.
SEGURANÇA 
O TJ está programando esquema especial de segurança para o julgamento. Ainda não se sabe se haverá expediente normal no Foro de Três Passos no dia do júri.
TRANSMISSÃO
O julgamento será transmitido ao vivo, pela internet, e terá cobertura em tempo real pelo Twitter do Tribunal de Justiça do RS. 
A ORDEM 
1 - A juíza começará a sessão ouvindo as testemunhas. Não estão definidos os períodos diários do julgamento. A previsão de duração é de sete dias. A magistrada, o MP, o assistente de acusação, os advogados dos réus e os jurados poderão fazer perguntas.
2 -  Depois, serão interrogados os réus. A ordem das perguntas segue o mesmo esquema das testemunhas.
3 - Começam os debates entre a acusação e as defesas. Pelo MP, o promotor Bruno Bonamente terá duas horas e meia para sua manifestação. Os advogados dos réus terão o mesmo tempo, mas dividido entre os quatro. Depois, são duas horas para réplica e mais duas para tréplica, também divididas. Se promotor não quiser réplica, não haverá tréplica. Ainda não foi definida a ordem de interrogatório dos réus nem de manifestação das defesas. 
4 - Ao final, os jurados se reúnem na sala secreta e decidem se os réus são culpados ou inocentes. A juíza Sucilene divulgará a sentença. Em caso de condenação, aplicará as penas.
O QUE DIZEM
Tribunal de Justiça
Vice-presidente do Tribunal de Justiça e presidente do Conselho de Comunicação da Corte, o desembargador Túlio Martins considera a morte de Bernardo um caso de comoção nacional e, segundo ele, "internacional, do ponto de vista da América Latina". Sobre a segurança, afirma que "serão colocados quantos policiais forem necessários". 
O magistrado lembra que será preservada a incomunicabilidade dos réus, mas diz que existe controvérsia quanto à mesma medida por parte das testemunhas. 
— Não vejo motivo para que as testemunhas fiquem incomunicáveis com tudo que já se viu desse processo. E não acho que o júri vai demorar sete dias. Acho que vai durar dois, três dias. 
Ministério Público
O promotor Bruno Bonamente enviou nota:
A expectativa é de que o julgamento ocorra sem maiores intercorrências, uma vez que todas as medidas para sua realização estão sendo adotadas pelo Judiciário. Espera-se e confia-se na condenação dos réus, nos termos da denúncia, por ser esta a medida de justiça que encontra ampla sustentação nas provas e corresponde aos anseios de toda a comunidade.
DEFESAS DOS RÉUS
Leandro Boldrini
Os advogados Ezequiel Vetoretti e Rodrigo Grecellé Vares enviaram nota à reportagem:
A defesa de Leandro Boldrini confia no Tribunal do Júri e espera um julgamento justo, baseado nas provas do processo em detrimento às especulações de cunho midiático. O processo fala, a prova grita e o júri terá, certamente, a sabedoria para ouvir e fazer a tão esperada justiça.
Graciele Ugulini
O advogado Vanderlei Pompeo de Mattos, que representa Graciele, disse que irá "bater no campo das provas" e torcer para que os "jurados consigam extrair da suas mentes decisão justa e com base no que há de provas nos autos e não por eventual emoção, clamor e sensacionalismo".
— Na minha ótica, a minha cliente já pagou um preço caro por isso  — afirmou.  
— Ela entregou medicação para acalmar o Bernardo, mas o menino acabou tomando além da conta e isso levou à fatalidade. Estamos diante de um crime culposo. Jamais teve dolo — completou.
Evandro Wirganovicz
O advogado Hélio Sauer diz que espera "absolvição no julgamento".
— Negativa de coautoria. Não participou de nada. Não fez buraco (a cova onde Bernardo foi enterrado após ser assassinado), nem nada. Inclusive não há prova nos autos — sustenta.
Edelvânia Wirganovicz
O advogado Gustavo Nagelstein disse que pretende "reverter essa injustiça que a gente acha que a nossa cliente está envolvida". 
— Insistimos que ela não tem qualquer participação na morte do menino. Assume a responsabilidade no sumiço do corpo. Que ela seja condenada pelo crime que realmente praticou — afirmou o advogado.
Nagelstein lamentou ainda que a cliente esteja "preventivamente presa desde o início das investigações sem que tenha uma sentença".
Fonte: Gaúcha ZH
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