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26/07/2014 | 07:49 | Cultura

Shana Müller: Baile à moda antiga relembra histórico 1947

A colunista escreve mensalmente no Segundo Caderno

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Foto: Grupo RBS
"Embora Porto Alegre fosse a capital gaúcha, há muito tempo tinha banido dos seus bailes a roupa campesina, vivendo os padrões das modas europeias ou dos ‘bailes caipiras’..." O relato de Paixão Côrtes fala dos seus tempos de moço, lá pelos anos 1940. Muitas foram as contribuições desse gaúcho de Santana do Livramento, incansável pesquisador a nos mostrar a diversidade da cultura, das tradições e do folclore do Rio Grande do Sul. Paixão andou pelos quatro cantos documentando manifestações, e algumas delas, como o baile, manteve no seu dia a dia em Porto Alegre. Era nos porões de sua casa no bairro Cidade Baixa que reunia os amigos para cantar, tocar, dançar, ao redor de um fogo de chão, tomar um café de chaleira, dizer uns versos e comer um pastel de carreira, mantendo vivos hábitos que o acompanharam desde sua terra natal.
De lá para cá, muita coisa mudou nos bailes de temática gaúcha, desde as regras da roupa até os ritmos e as posturas no salão que em nada lembram a maneira de portar-se em sociedade. Culpa de quem? Dos tempos, diria Paixão: "Temos de explorar trilhas para nossa cultura, não limitar com trilhos". Mas não é que uma gurizada de Canoas há 10 anos organiza um "Baile à Moda Antiga"? Remam contra a maré. Pelos mesmos motivos dos jovens de 1947? Por se sentirem excluídos ao querer trajar bombacha e não serem aceitos nos bailes da moda? Criaram o deles!
Buscando danças e canções de pouco uso hoje, recuperam rituais dos bailes de antigamente. São 500 pessoas se arriscando na pista de dança, declamando, sapateando uma chula, jogando truco, laçando vaca parada, tudo à luz de candeeiro. Há quem venha de cidades vizinhas até Canoas, onde o evento ocorre, montado em seu melhor pingo, que passa a noite atado em frente ao CTG Brazão do Rio Grande.
Neste ano, o evento será no dia 16 de agosto, sem regras, sem preconceitos, com o intuito de resgate e diversão. Quem sabe tu não vais dançar umas marcas por lá e conhecer um pouco dessas manifestações do folclore do Rio Grande?
Fonte: Zero Hora
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