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25/11/2020 | 05:16 | Geral

Preços de alimentos sobem até 81,78% no ano; entenda os motivos

Avanço nos valores para o consumidor ganhou força durante a pandemia de coronavírus

Avanço nos valores para o consumidor ganhou força durante a pandemia de coronavírus
Óleo de soja teve principal alta no preço na Grande Porto Alegre - Lauro Alves / Agencia RBS

Mudanças no padrão de consumo, problemas na oferta e maior procura por alguns itens durante a pandemia compõem a receita que gerou disparada de preços na região metropolitana de Porto Alegre. O grupo alimentação e bebidas é o mais impactado e, desde janeiro, o que mais aumentou a mordida no bolso do consumidor.


Até outubro, produtos desse segmento tiveram elevação, em média, de 8,9%, indicam dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A marca supera em quase seis vezes o índice geral de inflação, o IPCA, que subiu 1,53% em igual período na região.

 

Dos 10 produtos que mais avançaram em 2020, nove pertencem ao segmento alimentação e bebidas. A maior elevação na Grande Porto Alegre é a do óleo de soja. De janeiro a outubro, houve disparada de 81,78% no preço. Cebola (69,18%) e arroz (56,01%) aparecem logo em seguida.
Depois de alimentação e bebidas, artigos de residência apresentam a segunda maior alta entre os grupos, de 3,57%, também superando o índice geral de inflação.

 

Dentro desse segmento, que reúne eletrodomésticos e móveis, o destaque é o computador pessoal. De janeiro a outubro, o produto acumulou variação de 29,68%.

 

Por trás da escalada dos preços está o fato de a pandemia ter estimulado a busca por mercadorias que podem ser consumidas ou usadas dentro de casa. Com a demanda maior, os preços tendem a subir. 

 

Além disso, especialmente no caso dos alimentos, o auxílio emergencial foi um ingrediente adicional para aquecer a procura e provocar subida dos valores nas gôndolas dos supermercados.

 

Por fim, o dólar em alta incentiva a exportação de commodities, incluindo soja e arroz, o que reduz a quantidade de produtos direcionados ao mercado interno. Ou seja, a menor oferta é outro fator que pressiona os preços para cima.

 

– Assim como no restante do país, alimentos e artigos para residência têm subido mais. Há uma inflação gerada pelo câmbio. Com o dólar alto, fica mais proveitoso vender para fora do país, o que reduz a oferta no mercado interno. No caso dos alimentos, também houve impacto do auxílio emergencial – pontua o pesquisador Pedro Kislanov, gerente de índices de preços do IBGE.

 

Economista-chefe da CDL Porto Alegre, Oscar Frank entende que parte das mercadorias tende a continuar sob pressão nos próximos meses. Contudo, não vê grandes riscos, de modo geral, à inflação, que permanece em nível controlado até o momento.

 

– Devemos ter desaceleração nos preços a partir de fevereiro ou, mais provavelmente, março. Estamos vivendo um choque temporário que tende a ser corrigido. À medida que tivermos maior reorganização nas cadeias produtivas, as commodities devem se estabilizar. Além disso, a expectativa é de que o governo deixe de promover medidas como o auxílio emergencial a partir de janeiro – diz Frank.


Passagem aérea e transporte por app em queda


Os dados do IBGE ainda indicam baixa em preços de setores com menor demanda na pandemia. Dos produtos pesquisados entre janeiro e outubro, passagem aérea teve a maior queda, de 51,56%, na Grande Porto Alegre. O cálculo considera voos nacionais com decolagem na capital gaúcha. A segunda maior baixa foi a de transporte por aplicativo: 20,80%.

 

Na segunda-feira (23), o presidente Jair Bolsonaro reconheceu e lamentou a alta de preços de alimentos. No entanto, voltou a isentar o governo federal da responsabilidade pelo avanço. A manifestação ocorreu durante conversa com apoiadores, em Brasília.

 

– O pessoal tem reclamado do preço dos alimentos. Tem subido, sim, além do normal. Lamento isso aí. Também é uma consequência do "fica em casa". Quase quebraram a economia – afirmou, em crítica ao distanciamento social adotado para frear o coronavírus.

Fonte: GZH
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