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05/01/2021 | 06:06 | Saúde

Dezembro é o mês com mais mortos por covid-19 no RS

Número de vítimas no último mês do ano foi 62% maior do que em novembro e 16% superior a agosto, até então o mês mais letal da pandemia

Número de vítimas no último mês do ano foi 62% maior do que em novembro e 16% superior a agosto, até então o mês mais letal da pandemia
Reprodução/Internet

Com quase 1,9 mil vítimas, dezembro de 2020 foi o mês com mais mortos pelo coronavírus no Rio Grande do Sul, segundo dados da Secretaria Estadual da Saúde (SES). Médicos destacam que o recorde não é apenas registro do passado, mas a antessala para uma provável piora da pandemia no Estado em janeiro, após as festas de fim de ano. 

 

Dezembro teve 16% mais mortes do que agosto, até então o mês mais mortífero da pandemia no RS, e 62% mais vítimas do que novembro. Outubro fora um curto período de respiro no qual a situação melhorara no Rio Grande do Sul após o inverno. Desde março, mais de 9 mil pessoas morreram por covid-19 no Estado. 


A piora da pandemia no último mês do ano passado também é uma tendência nacional: reportagem de GZH publicada no sábado (2) mostrou que, no Brasil, dezembro teve 65% mais mortes por covid-19 do que em novembro. 

 

Comparado a outros Estados brasileiros, o Rio Grande do Sul tem, nos últimos sete dias, o quarto maior número de mortos a cada 100 mil habitantes, atrás apenas de Mato Grosso do Sul, Rondônia e Espírito Santo. 


No histórico da pandemia, o RS tem o sexto menor número de mortes, levando em conta o tamanho da população – em melhor posição estão Minas Gerais, Bahia, Maranhão, Paraná e Santa Catarina, ainda conforme dados do Palácio Piratini. 

 

A pandemia no Rio Grande do Sul está também pior do que em países europeus. Na última semana, o Estado contabilizou 4,06 mortos a cada cem habitantes, o dobro da média nacional e pior do que França (3,51) e Espanha (2,17), ainda segundo dados do Piratini. No histórico da pandemia, já tem proporcionalmente mais mortos do que Portugal. 

 

Analistas entrevistados por GZH afirmam que o recorde de dezembro aponta como causas mais aglomerações, no geral, e também consequências das eleições – ainda que estas não devam ser apontadas como as únicas culpadas. 

 

É preciso levar ainda em conta o cansaço da população, a falha em comunicar os riscos do coronavírus e a limitação do modelo de distanciamento controlado desenhado pelo Palácio Piratini, avalia o médico Eduardo Sprinz, chefe do setor de Infectologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA). 

 

—  Tivemos nove meses para ensinar à população como se comportar. Falhamos. E obviamente esse recorde também mostra que o modelo de distanciamento controlado não funciona. Demos uma falsa impressão de que o ambiente estava mais seguro, o que nunca ocorreu. Você aumenta a capacidade de UTIs e isso muda o cálculo das bandeiras — diz Sprinz. 

 

A estabilização da pandemia em outubro aconteceu em patamares muito altos, o que favoreceu a aceleração da doença assim que a população começou a viver como se tudo estivesse normal de novo, diz o médico Ronaldo Hallal, consultor do Comitê Covid-19 da Sociedade Sul-Riograndense de Infectologia (SRGI). 

 

— Não foi um evento, mas uma série de eventos, entre eles, as eleições. Tudo passa uma mensagem de que a situação está sob controle. As políticas do Estado e dos municípios estão no sentido de banalizar as consequências da pandemia. Por trás desses números estão a falta de medidas de proteção e a grande circulação das pessoas em níveis normais  — acrescenta Hallal.


Para janeiro, médicos esperam um mês de maior pressão sobre o sistema de saúde e de mais recordes de mortes como efeito das aglomerações de fim de ano e das viagens de férias. As infecções devem ser em etapas: jovens passam para jovens, e estes passam para pais, avós e familiares em grupos de maior risco. 

 

— No Natal e no Ano-Novo, as pessoas fizeram festas e houve aglomerações. Com a intensidade com que o vírus circula, as pessoas obviamente estão sendo contaminadas, a maior parte sendo jovens. A partir da semana que vem, provavelmente veremos um aumento de diagnósticos novos. Na outra semana, deve aumentar mais e, daqui a quatro semanas, veremos aumento das formas mais graves de covid em hospitais — diz o médico infectologista Eduardo Sprinz, do Hospital de Clínicas.

 

A médica infectologista Thiela Freitas, do controle de infecção do Hospital Conceição, destaca que o verão não protege contra o coronavírus.

 

— Por ser um vírus respiratório, a gente costuma achar que o pico é no inverno. Mas a covid parece ter um padrão diferente — afirma.

 

Nesta segunda-feira, o modelo de distanciamento controlado voltou a classificar a região de Bagé em bandeira preta, em resultado definitivo para a semana. Outras 13 regiões estão em bandeira vermelha e sete em cor laranja. 

 

Festejou? Veja o que fazer agora para salvar vidas:

 

  • Se você viajou, encontrou pessoas ou participou de algum tipo de festa no fim de ano, evite ver avós, pais ou demais familiares idosos ou com doenças crônicas pelos próximos sete dias. 
  • Se você vive com pessoas de maior risco para a covid-19, evite abraçar, beijar, compartilhar talheres e falar muito próximo. 
  • Observe sintomas respiratórios, gastrointestinais e perda de olfato ou paladar. Se você tiver um deles, isole-se e faça o teste entre 24 e 48 horas após o início dos sintomas. Em Porto Alegre, é possível fazer o exame PCR em postos de saúde gratuitamente.
Fonte: GZH
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