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24/03/2021 | 10:32 | Saúde

Pacientes entram em fila de transplante de fígado após uso de kit covid, diz jornal

Medicamentos utilizados não têm eficácia comprovada contra a doença e causam efeitos colaterais, como hepatite, hemorragias, insuficiência renal e arritmias

Medicamentos utilizados não têm eficácia comprovada contra a doença e causam efeitos colaterais, como hepatite, hemorragias, insuficiência renal e arritmias
Kit é composto por medicamentos como hidroxicloroquina, azitromicina, ivermectina e anticoagulantes - Félix Zucco / Agencia RBS

A utilização do chamado kit covid, composto por medicamentos como hidroxicloroquina, azitromicina, ivermectina e anticoagulantes, que não têm eficácia comprovada contra o coronavírus, teria feito com que cinco pacientes entrassem na fila do transplante de fígado em São Paulo. Além disso, o uso desses remédios é apontado por médicos como causa de ao menos três mortes, de acordo com informações do jornal O Estado de S. Paulo. 


Os óbitos registrados foram decorrentes de hepatite causada pelo uso de remédios e, segundo profissionais da saúde ouvidos pelo jornal, pessoas que utilizaram o conjunto de drogas também apresentaram efeitos colaterais como hemorragias, insuficiência renal e arritmias. O aumento dos casos relatados corresponde com o agravamento da pandemia e também com a alta das vendas dos medicamentos que integram o kit. 

 

O total de unidades de ivermectina vendidas em 2020, por exemplo, subiu 557% em comparação com 2019, sendo dezembro o mês com maior número de vendas, conforme dados do Conselho Federal de Farmácia (CFF). No entanto, o uso do remédio não apresentou eficácia contra o coronavírus e já foi desaconselhado pela Agência Europeia de Medicamentos (EMA) e pela Merck, empresa fabricante do produto. 


Mesmo assim, o medicamento continua sendo prescrito por alguns médicos e está entre os que foram utilizados pelos pacientes que tiveram que entrar na fila de transplante de fígado. As cinco pessoas foram diagnosticadas com covid-19 e receberam a prescrição do tratamento semanas antes de serem atendidas — quatro delas pelo Hospital de Clínicas da Universidade de São Paulo (HC-USP) e uma pelo Hospital de Clínicas da Universidade Estadual de Campinas (HC-Unicamp) — já com a pele amarelada.  

 

Ao Estadão, Ilka Boin, professora da Unidade de Transplantes Hepáticos do HC-Unicamp, onde um paciente aguarda transplante, afirmou que o quadro é resultado de uma combinação de altas dosagens com a interação de vários medicamentos e que a substância desencadeia um processo em que a célula ataca outras células, levando a fibroses, que, por sua vez, causam a destruição dos dutos biliares. 

 

Os especialistas ressaltam ainda que as biópsias do fígado desses pacientes mostram que os casos são de origem medicamentosa e não decorrentes de complicações do coronavírus.  

 

Ainda segundo o Estadão, um dos pacientes que está na fila de transplantes tem 57 anos e tinha a saúde perfeita antes de ser diagnosticado com covid-19. 

 

Morte em Porto Alegre


Além dos dois óbitos relatados pelo HC-USP, o jornal cita o caso registrado em uma unidade particular de Porto Alegre de morte por doença hepática aguda. Segundo as informações publicadas pelo Estadão, o paciente estava com enzimas do fígado 30 vezes mais altas do que o normal. Ele teve covid-19 10 dias antes e tomou os remédios do kit. 

 

Os exames mostraram que o paciente desenvolveu encefalopatia hepática, condição em que o cérebro é deteriorado por toxinas que o fígado não conseguiu filtrar.  O óbito ocorreu no mesmo dia. 

Fonte: GZH
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