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22/10/2020 | 08:09 | Política

Bolsonaro frita o terceiro ministro da Saúde e abre novo foco de desgaste com generais

Diagnosticado com coronavírus, Eduardo Pazuello ficou sem clima para continuar

Diagnosticado com coronavírus, Eduardo Pazuello ficou sem clima para continuar
Ministro foi desautorizado pelo presidente no dia em que recebeu o diagnóstico de que está com a covid-19 - Marcelo Camargo / Agência Brasil
O capitão humilhou o general. Na caserna, seria inadmissível, mas na presidência da República, onde chegou pelo voto de 58 milhões de brasileiros, Jair Bolsonaro é o chefe supremo e os militares convocados para integrar o governo só têm duas opções: concordar com suas vontades ou pedir o quepe. O ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, foi desautorizado pelo presidente no dia em que recebeu o diagnóstico de que está contaminado pelo coronavírus.
Pazuello está em duplo isolamento: a quarentena a que se submetem os contaminados e o limbo onde ficam os ministros em processo de fritura. O filme do qual foram protagonistas o general Santos Cruz e os ministros Luiz Henrique Mandetta e Sergio Moro  — para citar os mais notáveis  — se repete agora com um general cuja especialidade é logística, e não saúde, e que substituiu Nelson Teich, o breve. Pazuello ficou quatro meses como interino e virou titular em 16 de setembro.
Não satisfeito em desfazer o protocolo de intenções para a compra de 46 milhões de doses da Coronavac, alegando que não há comprovação da eficácia da vacina chinesa (que chegou a chamar de “vachina”), o presidente tratou o general como um desqualificado.
A vacina que no Brasil deverá ser fabricada em parceria com o Instituto Butantan é a que está em fase mais adiantada nos testes. Assim como as outras, só será fabricada em escala quando tiver cumprido todas as etapas, mas Bolsonaro  — para agradar seu exército de fanáticos  — tratou como se os brasileiros fossem servir de cobaias.
O presidente sabia da intenção do Ministério de Saúde de comprar as 46 milhões de doses, anunciada por Pazuello aos governadores na terça-feira. Tinha sido informado no final de semana e não se opôs. Foi depois de tomar conhecimento da resistência por parte de seus apoiadores e de desconfiar que o governador de São Paulo, João Doria, sairia fortalecido politicamente, que resolveu virar a mesa.
A reação faz lembrar uma frase de Mandetta sobre o antigo chefe: “Você conversa hoje, a pessoa entende, diz que concorda, depois muda de ideia e fala tudo diferente. Você vai, conversa, parece que está tudo acertado e, em seguida, o camarada muda o discurso de novo.” 
Outros ministros que caíram, como Santos Cruz e Moro, saíram do governo com a mesma impressão de quem acompanha a carreira de Bolsonaro nos 28 anos em que foi deputado federal: trata-se de um lunático.
Aliás
Se o general Eduardo Pazuello pedir para sair, estará aberto o caminho para que Bolsonaro nomeie, enfim, o deputado Osmar Terra, para o Ministério da Saúde, baseado no critério da afinidade. Do ponto de vista do enfrentamento ao coronavírus,  são almas gêmeas.
Fonte: GZH
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