Conheço profundamente as dificuldades do campo. Sou
filho de agricultores familiares. Tornei-me sindicalista rural (anos 80) muito por conta da vontade de transformar esta realidade. Por isso, também, nos quatro mandatos parlamentares
como deputado estadual e federal mantive a agricultura familiar como eixo prioritário.
Neste universo, o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura
Familiar – Pronaf, é a mais abrangente política pública de suporte a esta atividade. Portanto, deve ser preservado, fortalecido e não pode ser fraudado ou
destruído.
Sou mandatado para defender a agricultura familiar onde financiamento e crédito - o que inclui renegociação de dívidas -
são pautas históricas presentes em todas as reivindicações anuais das representações de agricultores.
A busca por
soluções para garantir a renda e a qualidade de vida dos trabalhadores rurais é, portanto, um trabalho que faço há quase 40 anos! E nada, absolutamente
nada que possa ter outra finalidade, terá de mim qualquer respaldo. Muito menos o enriquecimento ou o financiamento de campanhas eleitorais.
Fui eleito pelo povo.
É meu dever defender os interesses desse povo. Assim, talvez, eu devesse ser criticado por NÃO cumprir o meu dever, jamais por fazê-lo.
Nestas décadas de luta,tomei conhecimento de centenas de casos em que a propriedade familiar se inviabilizou por conta das dívidas. E, sim, ouvi relatos de
situações que levaram até a suicídios.
Na região de Santa Cruz do Sul, há décadas se fazem investigações
e muitos e vastos estudos científicos sobre esta questão. Estudei vários destes trabalhos e pude verificar que o preço pago aos fumicultores é,
historicamente, baixo; e que há hipóteses fortes que ganharam até mesmo a sustentação de trabalhos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, dando
conta de que o uso intensivo de venenos na cultura do fumo, mais precisamente dos organofosforados, tem como consequência a depressão, causa maior dos suicídios segundo
apontam estes mesmos estudos.
Para enfrentar estas duas questões - endividamento e uso de venenos – tenho lutado pela mudança do
critério de preço para os fumicultores e contra o uso abusivo de agrotóxicos. Por isso, sofro uma fortíssima oposição das indústrias
fumageiras. Agora mesmo, em Brasília, fui relator e dei parecer favorável ao projeto do deputado Assis do Couto que tenta, mais uma vez, garantir a presença do
agricultor na hora da classificação do fumo. Outra medida que visa garantir direitos aos produtores de fumo é o projeto que tramita em Brasília e que trata de
oferecer segurança aos trabalhadores rurais que atuam na condição de integrados.
Esperamos votar e aprovar estas medidas, em que pese o
poderoso lobby das indústrias.
Por que defendemos estes direitos? Ora, justamente para que o agricultor seja melhor remunerado. Por isso, tenho certeza de
que os colonos sabem quem, verdadeiramente, os defende.
As transcrições que surgem na investigação só comprovam o meu trabalho a
favor dos colonos. Na única vez em que minha voz aparece, estou falando justamente disso, de renegociação de dívidas.
Só nos anos de
2013/14, foram oito (8) medidas – Decretos, Resoluções e Medidas Provisórias – que trataram da renegociação de dívidas e que
beneficiaram MAIS DE 2 MILHÕES E 760 MIL CONTRATOS DE AGRICULTORES FAMILIARES NO BRASIL INTEIRO.
Tratei sobre renegociação de dívidas
como fiz com outros inúmeros agricultores ou seus representantes, seja do MPA, da Fetag, da Contag, da Fretaf. Da mesma forma como fazem os que representam a agricultura
empresarial.
E repito o que já manifestei: continuarei lutando pela renegociação de dívidas de agricultores sempre que isto for justo e
necessário. Neste sentido, busco estabelecer a relação mais direta possível com quem está na lavoura, para fundamentar minha ação
parlamentar. E me assessoro de pessoas ligadas aos trabalhadores e suas entidades.
Nestes estranhíssimos vazamentos seletivos à imprensa, sempre às
vésperas do 1º e 2º turno, há, ainda, uma outra menção ao meu nome. São terceiros, um deles sequer identificado, que emitem opiniões,
inclusive sobre meu caráter e comportamento. Não há qualquer concretude, absolutamente nenhuma prova, sequer um indício consistente que possa me vincular a
irregularidades supostamente cometidas. Seja pela Aspac ou pelo Movimento dos Pequenos Agricultores.
Todas as minhas prestações de contas da campanha
são públicas. A de 2010, que como as demais foi aprovada, sofreu rastreamento nota por nota nesta investigação. Nada foi localizado de irregular. E nunca
será. Por que não há.
Não tenho envolvimento com nenhum ilícito e repudio todo e qualquer ato que possa prejudicar o homem ou a
mulher do campo.
Defendo a apuração rigorosa de toda e qualquer irregularidade e, a estas alturas, o maior interessado na transparência desta
investigação sou eu.
Sobre isso, quero manifestar algumas estranhezas: primeiro, em relação à nítida má
intencionalidade, o direcionamento e, mais grave, a evidente manifestação política a que se presta esta investigação às vésperas de uma
eleição.
Nada devo, nada temo. Mas sofro a dor da suspeição que se joga contra mim e que persiste mesmo após a análise
minuciosa dos fatos realizada pelo senhor Procurador-geral da República do Brasil, Rodrigo Janot , cuja conclusão foi: “Não foi demonstrado pela autoridade
representante (delegado), NENHUM ELEMENTO CONCRETO MINIMAMENTE RAZOÁVEL a justificar a medida de busca e apreensão tanto na residência do deputado ora investigado como,
mais grave ainda, dentro do Parlamento brasileiro, no gabinete do congressista.”
Ainda assim, mesmo não havendo quaisquer elementos “minimamente
razoáveis”, a tônica dos vazamentos e suas posteriores divulgações faz crer que o principal alvo sou eu. E reitero: não há razão
concreta para que assim seja. O conjunto de procedimentos beira, portanto, a irresponsabilidade.
Dirijo-me, por fim, aos meus amigos e minhas amigas, companheiros e
companheiras, militantes e especialmente os homens e mulheres da agricultura familiar.
É dolorosa a suspeição. Ainda mais por que ela se
lança sobre um trabalho que consome horas, dias, anos, décadas. O que está sendo posto em dúvida é o esforço, a dedicação, o respeito
e o amor que nutro pelas coisas da agricultura familiar.
Estranho, sim, e muito, que a cada vez que se realiza uma eleição, se levantem
suspeições que, depois, jamais de confirmam. Mas, por óbvio, sempre causam algum prejuízo eleitoral e um enorme desgaste pessoal e de imagem. Mesmo assim, a
confiança que tenho no agricultor tem sido, sempre, retribuída por ele. E, apesar das difamações, aumento minha votação.
Por
isso, apesar de tudo, quero dizer-lhes: muito obrigado".