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27/11/2021 | 05:36 | Polícia

Polícia descobre local em que mais de 20 homens estariam sendo mantidos em cárcere privado em Viamão

Grupo estava em uma clínica terapêutica clandestina; quatro pessoas foram presas

Grupo estava em uma clínica terapêutica clandestina; quatro pessoas foram presas
No imóvel, foram constatadas péssimas condições de higiene e insalubridade - Polícia Civil / Divulgação

Quatro pessoas foram presas na manhã de quinta-feira (25), suspeitas de manterem em cárcere privado mais de 20 homens em uma clínica terapêutica clandestina em Viamão, na Região Metropolitana. A delegada Marcela Brito, que comanda as investigações, contou que a operação foi realizada após diversas denúncias anônimas chegarem à 1ª Delegacia de Polícia do município.

— Esse caso teve início há 15 dias, quando recebemos ligações de pessoas que disseram ter visto um caminhão e um micro-ônibus chegarem em uma residência e desembarcarem, de dentro, alguns beliches e as vítimas. Muitas estavam amarradas, e alguns que as conduziam estavam armados — contou a delegada. 

Em frente à residência, os suspeitos levantaram um tapume para impossibilitar a observação do interior da propriedade. 

A delegada afirma que a polícia acelerou as investigações porque desconfiou de algumas declarações de residentes escutadas fora da casa.

— Ouvimos alguns dizerem coisas como ''só faltavam sete dias, 15 dias''. Como não sabíamos ao certo o que isso queria dizer, conseguimos uma autorização judicial e cumprimos o mandado de busca e apreensão na manhã de ontem — disse a delegada, nesta sexta-feira (26).

Na abordagem, a equipe da 1ª Delegacia de Polícia, em parceria com a Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher (Deam) de Viamão, resgatou as vítimas, que eram todos homens de diversas idades. Foram presos um casal, proprietário do estabelecimento, e dois homens que trabalhavam como monitores e, segundo a polícia, vigiavam os internos quando os donos não estavam. Não foram encontradas armas no local.

Os quatro suspeitos, de 50, 27, 44 e 37 anos, foram encaminhados para o Departamento de Polícia de Pronto Atendimento de Viamão.

A Vigilância Sanitária foi acionada para verificar o imóvel, no qual foram constatadas péssimas condições de higiene e insalubridade. A delegada informou que as vítimas recebiam medicamentos para "tratamento" e quem resistia era mantido no local à força. Alguns dos homens haviam escolhido iniciar o tratamento na clínica, enquanto outros foram internados compulsoriamente, informou a polícia.

— As investigações seguem para entender até que ponto e se realmente havia uma prescrição médica e de onde elas vinham — afirmou a delegada. 

Contato com a família
Como alguns haviam escolhido iniciar o tratamento, as famílias sabiam e pagavam por ele. No entanto, não conheciam a realidade do local, conforme a delegada.

— Os contatos com a família aconteciam uma vez por semana, e era feito pelo viva-voz, com a presença de um monitor — disse a delegada, afirmando que nenhuma visita era permitida e que aqueles que tentavam fugir eram amarrados pelos monitores.

Informações preliminares da polícia apontam que a clínica funcionava em outra cidade, mas teria sido interditada pela Vigilância Sanitária. Até retomarem a atividade, os suspeitos teriam ido com as vítimas para Viamão e continuado a praticar o crime na clínica clandestina. A polícia informou também que a CEEE Equatorial constatou furto de energia no local.

Produção: Henrique Abrahão

Fonte: GZH
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