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16/08/2022 | 15:50 | Política

Propostas para educação e críticas a Eduardo Leite dominam primeiro debate da campanha eleitoral no RS

Oito dos 11 candidatos ao Piratini participaram do evento nesta terça-feira

Oito dos 11 candidatos ao Piratini participaram do evento nesta terça-feira
Os oito candidatos ficaram lado a lado, posando para uma fotografia oficial do debate - Camila Hermes / Agencia RBS

A discussão de propostas para a área da educação foi destaque no debate da Rádio Gaúcha realizado nesta terça-feira (16), em Porto Alegre, que teve ainda o ex-governador Eduardo Leite como principal alvo dos adversários. Mediado pela jornalista Andressa Xavier e transmitido ao vivo no horário do programa Atualidade, o confronto deflagrou a campanha eleitoral no Rio Grande do Sul, no primeiro dia de propaganda liberada em todo o país.

Oito dos 11 postulantes ao Palácio Piratini participaram do encontro. Foram convidados os candidatos cujos partidos têm no mínimo cinco representantes no Congresso. Dessa forma, participaram Edegar Pretto (PT), Eduardo Leite (PSDB), Luis Carlos Heinze (PP), Onyx Lorenzoni (PL), Ricardo Jobim (Novo), Roberto Argenta (PSC), Vicente Bogo (PSB) e Vieira da Cunha (PDT). Ficaram de fora Carlos Messalla (PCB), Paulo Pedra (PCO) e Rejane de Oliveira (PSTU).
Com 32% das intenções de voto na pesquisa Ipec/RBS divulgada na véspera, Leite foi cobrado por quase todos os outros candidatos. O mais enfático nas críticas era Onyx, segundo colocado no levantamento do Ipec.

Frisando sempre a aliança nacional com o presidente Jair Bolsonaro, Onyx atacou a adesão ao Regime de Recuperação Fiscal, a burocracia na liberação de empreendimentos e a performance da economia estadual na gestão do tucano. Como não houve embate direto entre Leite e Onyx, com perguntas entre si, o liberal aproveitou interações com outros candidatos para fustigar o ex-governador.

— Desde a posse do governador que renunciou, até sua saída, nosso PIB caiu 2,24%. O Brasil, nesse mesmo período, graças a todas as medidas de enfrentamento à pandemia do presidente Bolsonaro, cresceu 3,05% — comparou Onyx, em resposta a uma pergunta de Pretto.

Na réplica, o petista aproveitou para equiparar os dois rivais, lembrando que Leite votou em Bolsonaro no segundo turno da eleição de 2018 e que o partido de Onyx fez parte da gestão tucana no Estado. Recorrendo à mesma tática de nacionalização da campanha empregada por Onyx, Pretto repetia que é o candidato de Luiz Inácio Lula da Silva no Rio Grande do Sul e a todo momento citava investimentos e programas criados em governos anteriores do PT.

— O projeto do Onyx e do Leite é o mesmo. Se os números da Farsul estiverem corretos, a queda no PIB será de 8%, o pior resultado dos últimos anos de um governo — afirmou Pretto.

Defensor histórico da educação, Vieira da Cunha reprisava em cada manifestação a necessidade de investimentos no setor. O pedetista, porém, também buscou equiparar Leite e Onyx.

— Nas palavras do candidato Onyx, parece que está tudo às mil maravilhas. Nas palavras do candidato Leite, parece que é outro Estado. O mundo da fantasia dos candidatos não existe — disparou.

O tema da educação também pautou as preocupações de Heinze. O candidato reclamou de lentidão nas obras em escolas e da performance dos estudantes nos exames de desempenho durante a gestão de Leite:

— A educação está péssima. No seu governo, um estudante do terceiro ano do Ensino Médio é 62 negativo em português e, pasmem, 92 em matemática.

Leite evitou responder individualmente a cada ataque. Sem revidar, comentou as críticas somente nas considerações finais, quando pediu um enfrentamento conjunto dos problemas do Estado.

— Os gaúchos me conhecem, sabem a forma como trabalho. Trabalho pela união, não pela divisão. Aliás, consegui produzir aqui uma união dos candidatos contra mim. Mas ao contrário de se unirem contra uma pessoa, convido a todos que se unam contra os problemas — afirmou.

A tensão no estúdio durante o debate já pairava no ar antes mesmo do início do programa, ante o temor de atraso de um dos candidatos. Último a chegar, Onyx só desembarcou no estacionamento da RBS TV às 7h50min, exatamente o horário limite estabelecido pela Gaúcha.

O ambiente, porém, logo ficou descontraído. À exceção de Heinze, vestindo moletom e jaqueta, os demais usavam blazer. De gravata cinza, Bogo era o mais formal, em contraste com Argenta, que vestia terno azul xadrez e chapéu Panamá.

Com todos já acomodados em suas poltronas, Vieira fez uma deferência à mediação de Andressa Xavier.

— De uma coisa temos certeza, estaremos muito bem conduzidos — disse Vieira.

— Falou o presidente do sindicato dos candidatos. Essa eleição tu já ganhaste — brincou Jobim.

Na largada do debate, os aspirantes ao Piratini responderam a perguntas dos ouvintes sobre economia, educação, segurança, estradas, cultura, logística e agricultura. No intervalo, assessores correram ao estúdio com dicas, preocupados sobretudo em orientar os candidatos a falarem olhando para as seis câmeras robóticas espalhadas pelo estúdio.

Após os confrontos diretos no segundo bloco, as perguntas específicas voltaram na etapa seguinte, quando os candidatos foram submetidos a questões sobre estiagem, política tributária, empreendedorismo, transporte e agricultura familiar, suscitadas por representantes de segmentos relevantes da sociedade gaúcha.

Correndo por fora, Argenta, Jobim e Bogo defenderam seus programas de governo. Embora tenha sido o único entre os três a atacar Leite, Bogo manifestou disposição de renegociar o acordo da dívida com a União.

— O tema da dívida é o ponto número um de todos os candidatos e não é de fácil solução, mas é necessário reabrir essa discussão. Já se pagou bastante e é preciso encontrar uma equação — argumentou.

Pouco antes, Argenta citou sua principal preocupação ao falar sobre a capacidade transformadora da educação sobre a geração de empregos.

— O emprego garante o presente e a educação garante o futuro. Temos de ter mais escolas técnicas para que os jovens possam pensar em ter um emprego bom quanto tiverem 17,18 anos – exemplificou.

Sempre frisando que não é um político profissional, Jobim tentou se diferenciar dos candidatos ao destacar a prática do partido Novo de não usar recursos dos fundos eleitoral e partidário. Jobim disse que pretende privatizar o Banrisul e promover uma ampla reforma tributária.

— Nunca foi tentado algo novo no Rio Grande do Sul. São os mesmos partidos que colocaram o Estado nas dificuldades que estamos enfrentando hoje — destacou.

Ao final, demonstrando cordialidade, os oito candidatos ficaram lado a lado, posando para uma fotografia oficial do debate.

Fonte: GZH
Oito dos 11 candidatos ao Piratini participaram do evento nesta terça-feira
Camila Hermes / Agencia RBS
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