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18/04/2023 | 16:31 | Polícia

Quadrilhas do golpe do bilhete de Passo Fundo fazem vítimas pelo país

Delito antigo, aplicado principalmente em idosos, é registrado em diversos estados envolvendo criminosos da região Norte do RS

Delito antigo, aplicado principalmente em idosos, é registrado em diversos estados envolvendo criminosos da região Norte do RS
Processos relacionados ao crime tramitam com lentidão - Marcello Casal Jr / Agência Brasil / Divulgação

Há pelo menos uma década, Passo Fundo possui foco de criminosos especializados no golpe, ou conto, do bilhete. Embora relatos do crime datem de mais de 35 anos, a célula de estelionatários, que começou pequena, ampliou-se por volta de 2016, quando uma série de indiciados por crimes mais graves, como tráfico e roubo de veículos, migraram para o golpe.

— Como o estelionato não tem violência, a pena é bem menor. E como os crimes patrimoniais eram fortemente combatidos no município, eles optaram pelo golpe, por ter apenamento baixo — afirma o delegado regional de Polícia de Passo Fundo, Adroaldo Schenkel.

De acordo com ele, Passo Fundo municia semanalmente as polícias civis de outros estados com cadastro de passo-fundenses e as diligências são frequentes.

— O golpe é muito antigo e Passo Fundo foi um berço que, infelizmente, continua fazendo vítimas — diz.

Além da pena para o estelionato ser de apenas um a cinco anos de prisão, os processos relacionados ao crime tramitam com lentidão, o que, muitas vezes, leva à prescrição - assim, os criminosos permanecem em liberdade, repetindo o golpe.

Combate
O delegado titular da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), Diogo Ferreira, afirma que além de investigações e monitoramento constantes realizados pela Polícia Civil, estão em andamento ações penais:

— Nós combatemos o crime posterior ao golpe, que é a lavagem de dinheiro, pois os criminosos aplicam o golpe em outras cidades ou estados e vem lavar o dinheiro aqui em Passo Fundo.

O crime
O modo mais comum do golpe é aquele em que o estelionatário, aparentando uma pessoa pobre, aborda a vítima nas proximidades de bancos. O criminoso afirma possuir um bilhete premiado da Caixa Econômica Federal e pede auxílio para realizar a troca.

Em seguida, outro criminoso, com roupas sociais, se oferece para ajudar, reforçando a narrativa do golpista e telefonando ao banco. Na ligação, um terceiro estelionatário se apresenta como funcionário da Caixa e solicita os dados do primeiro golpista para a realização do saque.

O criminoso, ao se mostrar pouco instruído, afirma não possuir documentação e pede ajuda à vítima e ao comparsa para receber o prêmio. Como recompensa pela ajuda, ele oferece uma fatia do prêmio - mas exige uma quantia financeira como garantia.

Essa quantia é o lucro do golpe: a vítima se oferece para ajudar, na promessa de receber o prêmio, e é levada até uma agência bancária para sacar o dinheiro. Muitas vezes, a vítima percebe o golpe e tenta desistir, mas é ameaçada pela quadrilha.

Prevenção
Schenkel pontua que o focos dos golpistas são os idosos, por ser uma população prestativa e de boa fé, o que ajuda a efetivar o crime. A recomendação é de que, nesse tipo de abordagem, a vítima se afaste e procure um estabelecimento próximo para acionar o disque-denúncia 190 ou 197.

Operação Pólis
Em 2018, a Polícia Civil realizou uma das maiores operações envolvendo os criminosos do conto do bilhete. A Operação Pólis, com foco em Passo Fundo, combateu o estelionato, lavagem de dinheiro e organização criminosa, com mais de 400 investigados e R$ 150 milhões em bens apreendidos e bloqueados.

Processos relacionada à operação correm até hoje, mas muitos criminosos voltaram a agir, principalmente fora do Rio Grande do Sul.

Fonte: GZH
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