20/11/2023 | 05:33 | Polícia
Mesmo com a redução, as forças de segurança do RS reforçam a importância de se manter atento, tanto no meio digital quanto fora dele
Em nova queda, o registro de estelionatos no Rio Grande do Sul caiu em 16% na comparação entre o mês de outubro deste ano e o do ano passado. Foram 6.534 ocorrências contabilizadas no último mês, contra 7.784 no mesmo período em 2022. Ainda assim, outubro deste ano teve 210 casos registrados por dia no RS, um número "considerável", conforme a Polícia Civil. Os dados foram divulgados neste mês, no balanço mensal da Secretaria da Segurança Pública do RS (SSP-RS).
Mesmo com a redução, as forças de segurança do RS reforçam a importância de se manter atento, tanto no meio digital quanto fora dele. Em um caso registrado recentemente, um homem foi preso preventivamente por aplicar diversos golpes em clientes de sua revenda de veículos, em Igrejinha. A prisão ocorreu no município de Lucas do Rio Verde, no interior do Mato Grosso. O homem tem 40 anos e não teve o nome divulgado.
Conforme a Polícia Civil, ele lesou cerca de 70 clientes desde maio. A investigação indica que ele era proprietário de uma revenda de veículos e passou a receber automóveis de dezenas de clientes da região do Vale do Paranhana, para vendê-los.
No entanto, desde maio, o homem passou a comercializar os veículos de sua loja para terceiros, sem repassar os valores aos donos dos carros. Ele também causou prejuízo aos compradores dos veículos, que foram comercializados como se estivessem quitados, quando na verdade possuíam restrição de financiamento bancário. Assim, os clientes encontravam problemas ao tentar fazer a transferência dos documentos. As vítimas relataram à polícia que o homem também teria feito financiamentos em seus nomes, sem autorização. Essas pessoas afirmam que só tomaram conhecimento do fato quando viram que havia prestações sendo descontadas de suas contas.
Conforme o delegado Ivanir Luiz Moschen Caliari, de Igrejinha, o homem não era mais visto no município desde setembro, quando as vítimas passaram a procurar a delegacia. O policial então pediu à Justiça pela prisão preventiva do proprietário da revenda, que foi deferida. As investigações indicaram que o homem vinha se refugiando em Lucas do Rio Verde, onde foi preso em uma ação conjunta da polícia de lá e equipes de Igrejinha.
Também foram cumpridos mandados de busca e apreensão no apartamento onde o homem residia. No local, foram apreendidos talão de cheques, cartões bancários, notebooks e telefones celulares. Em depoimento, segundo a polícia, o investigado permaneceu em silêncio. Ele segue detido em MT até que seja definido para qual casa prisional será conduzido.
Titular da Delegacia de Repressão aos Crimes Informáticos e Defraudações do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), o delegado Thiago Albeche ressalta que criminosos que envolvidos em casos de estelionato costumam inovar em suas abordagens, por vezes reciclando e mudando detalhes de golpes já conhecidos, para atrair vítimas desavisadas.
— Com essa queda, vemos que as pessoas estão mais conscientes. Mas é preciso estar sempre atento a novas modalidades de golpes e crimes em geral, porque o criminoso, via de regra, não para com as suas investidas. Ele costuma se reinventar.
Em relação a marca de 210 casos registrados ao dia em outubro deste ano, Albeche afirma que o número é "considerável", mas ressalta que a "diminuição verificada no período também é". O delegado afirma que é preciso "comemorar o resultado positivo, assim como todas as prisões realizadas" e que a "sensibilização e cooperação" de demais instituições, como Ministério Público e Poder Judiciário, "para coibir as fraudes é essencial".
O policial projeta ainda uma possível mudança no mundo do crime:
— É possível que estejamos passando por um momento de certa migração de parte da criminalidade violenta para a criminalidade fraudulenta, que causa grandes prejuízos financeiros, psicológicos e familiares às vítimas.
Apesar da redução, órgãos de segurança pública do Estado ressaltam que é preciso levar em consideração que crimes desse tipo registram subnotificação — quando as vítimas deixam de notificar os casos, seja por medo ou vergonha, e os delitos não chegam às autoridades. Segundo a polícia, especialmente as pessoas mais vulneráveis, como os idosos, ficam constrangidas ao sofrer algum golpe, ao se darem conta que foram enganadas, e também temem ser repreendidas por familiares, por exemplo.
Fonte: Enetsec e Polícia Civil